A relação de Lelé Filgueiras com a criação de espaços dedicados ao trabalho remonta à sua própria experiência em Brasília. Foi no Planalto Central que o arquiteto experimentou pela primeira vez escalas, formas, materiais e usos distintos para seus edifícios corporativos. A começar pelos escritórios e oficinas mecânicas das concessionárias que projetou - Disbrave (1965), Codipe (1975) e Planalto (1972) –, Lelé sempre fez questão de criar espaços arejados e com grande expressividade construtiva. Os espaços de trabalho projetados por Lelé em Brasília moldaram de certa maneira sua arquitetura institucional, a exemplo do edifício-sede da Portobrás (1974). Em uma de suas últimas obras, o memorial Darcy Ribeiro (2010), Lelé opta por um espaço de trabalho voltado para si, para o interior de uma oca indígena de aço, cujo pátio central é o grande espaço de atração e convívio laboral. O Beijódromo, anexo, foi na verdade um desejo realizado de Darcy, afinal, o lugar que fomenta a pesquisa e abriga tantos livros e saberes deveria também ser generoso o bastante para com os estudantes apaixonados.